domingo, 10 de julho de 2005

Dia Mundial da Pizza!

Hoje eu estou feliz!
Então vou ser breve: hoje vou colocar a letra da música "Samba em Prelúdio", de Vinicius de Moraes e Baden Powell, que é sublime, pra não dizer supimpa! Fala por mim, pra mim; é uma beleza (quem conhece a música sabe do que eu estou falando)! E vocês vão ver também: um artigo interessantíssimo do Moacyr Scliar sobre ritmo e poesia (um dos motivos de escolher a música), e, ao invés da frase tradicional, vou postar um poeminha dum poetinha português muito inteligente mas muito azarado.

Sirvam-se, e digam se foi bom pra vocês...
______________________________
Samba em prelúdio


Vinicius de Moraes / Baden Powell

Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não sei nem chorar
Sou chama sem luz
Jardim sem luar
Luar sem amor
Amor sem se dar


Eu sem você
Sou só desamor
Um barco sem mar
Um campo sem flor
Tristeza que vai
Tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém


Ah, que saudade
Que vontade de ver renascer nossa vida
Volta, querida
Os meus braços precisam dos teus
Teus abraços precisam dos meus
Estou tão sozinho
Tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém


© Tonga Editora Musical LTDA / Direto

------------------------------

:: literatura - por Moacyr Scliar

O tempo e a literatura

O mito, matriz da poesia e da narrativa, é antídoto contra a ansiedade existencial

É difícil dizer qual o gênero literário mais antigo, mas eu posso apostar na poesia. Não por causa da beleza formal ou das metáforas, mas pelo ritmo. De fato, escutando um poema, a primeira coisa que nos mobiliza é exatamente o ritmo. Que é um componente importante de nossas vidas: há o ritmo cardíaco, o respiratório, e o circadiano (da expressão latina circa diem, "cerca de um dia"), resultado de um ciclo biológico que nos faz dormir ou nos mantém despertos. Um relógio interior cujo funcionamento já está programado em nosso genoma e do qual nos damos conta quando o esquema habitual de nossas vidas é alterado, por exemplo, pela mudança de fuso horário. Esse relógio, localizado no hipotálamo, região do cérebro, marca o nosso ritmo, componente essencial do poema do corpo.

Poesia não é só ritmo, poesia são palavras. Palavras também são componentes essenciais da prosa. Três delas são imprescindíveis: era uma vez. Toda literatura nasce como narrativa e sempre nos remete ao passado, que é o tempo preferido pela maioria dos autores. E por que a literatura nos remete ao passado? Porque tem a mesma origem do mito, esta explicação fantasiosa dos fenômenos da vida e da Natureza. O homem precisa do mito, espécie de antídoto contra a ansiedade existencial. Ora, o passado é o depósito dos mitos. Num mítico passado, coisas maravilhosas aconteciam, em lugares como o Paraíso Terrestre, ou o Monte Olimpo. Durante muito tempo a humanidade viveu com a noção de um tempo imobilizado, em que o passado, o presente e o futuro se confundiam.

Com a modernidade surge uma nova concepção de tempo e de espaço. Na Antigüidade e na Idade Média não havia a preocupação com um registro temporal preciso. Existiam os relógios de sol e os de água, as ampulhetas e outras formas de cronometria, que não estavam, contudo, ao alcance do comum das pessoas. Nessa conjuntura os sinos das igrejas e dos mosteiros desempenhavam papel importante, dando as horas e também anunciando ameaças.

À medida que a atividade econômica se expandia e as cidades cresciam, surgia a necessidade de maneiras mais precisas e individualizadas de marcar o tempo. No curso do século XIV os relógios mecânicos tornaram-se mais comuns na Europa. No começo eram grandes relógios públicos nas torres das igrejas. Substituíam os sinos, mas, para que continuassem cumprindo seu papel religioso, traziam uma inscrição: Mors certa, hora incerta, a hora pode ser incerta, mas a morte é certa. Surgiram, mais adiante, os relógios domésticos e individuais. E eles mexeram com a cultura, introduzindo um novo modo de vida. As atividades de várias pessoas distantes umas das outras agora podiam ser coordenadas em função de um horário preciso. Era uma forma de controle e de autocontrole que abrangia até a vida emocional. Ou seja: ao tempo biológico, o tempo dos ritmos internos, e ao tempo dos ciclos da Natureza (o dia e a noite, sucessão de estações) somava-se agora o tempo social.

Essas mudanças no conceito de tempo refletiram-se na literatura. A partir do século XII um novo gênero começa a surgir, escrito nas línguas derivadas do latim, ou românicas, e por isso conhecido como romance. As narrativas agora não são míticas ou sagradas; têm a ver com pessoas reais ou imaginárias. Essa tendência iria num crescendo, até o século XIX, que marcou o auge do romance, a afirmação do individualismo no literatura. O romance é o espelho ficcional que reflete a pessoa, inclusive a maneira como esta encara o tempo. O tempo exterior é deslocado pelo tempo interior. Ao tempo biológico, ao tempo da Natureza, ao tempo social junta-se assim o tempo psicológico, governado pelas fantasias internas - os mitos que fabricamos. Fecha-se assim um ciclo.
______________________________
MOACYR SCLIAR é médico, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras.
FONTE: Revista Viver Mente & Cérebro, ano XIII nº 148, de maio de 2005; página 98. Site: www.vivermentecerebro.com.br . ISSN 1807-1562. Duetto Editorial, São Paulo, SP, Brasil.
------------------------------

Já diziam os antigos...

"Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?" Luis Vaz de Camões

4 comentários:

Anônimo disse...

Pra mim, foi ótimo, Lucas! Super cheios de doçura, tdos os textos...
Beijão!

Anônimo disse...

nussa foi muito bom.. muito legal todos os texots.. continue assim colocando varias coisas interessantes.. e escreva mais coisas suas.. akela cronica ficou legal ^^
coloca mais você nesse blog ^^
entuan t+
se cuida otimas férias
e semrpe que der da uma passada no meu blog ^^

Anônimo disse...

E ai, FRANKLIN.
Ta muito legal, ops, frankiln seu blog.
Vou tentar atualizar o meu. As coisas estao corridas por aqui.
Otima Ferias pra vc!!!!
Um Beijo

Anônimo disse...

Lucas,
É, realmente, inteligente pacas esse poetinha português, heim?

Muito bons os textos!

Beijão!