domingo, 31 de julho de 2005

Ainda não...

Sem enrolar: vou postar (de novo) somente um texto meu e uma frasezinha.
Comentem!
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“Minha mãe mandou eu escolher...” ou “Entre a azul e a vermelha”
Lucas do Carmo Lima

A indecisão do homem é, realmente, uma coisa a se pensar. Em cada conversa, em cada beco, cada troca de roupa, cada escolha de livro, CD ou até mesmo companhia! Grandes catástrofes já foram causadas e evitadas por grandes homens com grandes dilemas... Os planos e as atitudes são bem pensados, bem medidos, bem pesados, e bem divergentes: isso é, basicamente, uma intriga, uma peleja, uma batalha interna pela supremacia do cidadão indeciso... São duas idéias que discutem entre si, e não chegam em acordo antes de qualquer arroubo de impaciência de seu portador, cuja angústia ou irritação estão, a esse ponto, insuportáveis.

Eu me considero um ás dos debates mentais, um Picasso na arte da indecisão. Seja pra escolher a meia mais confortável, o curso universitário que dará rumos à minha vida (pelo menos por enquanto), pra escrever alguma coisa mais ou menos sentimental ou “desabafatória”, apaixonada ou sisuda... Até pra terminar esse parágrafo bateu uma dúvida!

Duvidar é realmente minha segunda melhor habilidade, principalmente quando se trata das coisas que eu faço, penso ou sinto. Não chega a ser uma dúvida existencial, mas quase isso. É tão visceral que tem dias que eu acordo apenas para duvidar; e chega a ser perturbador, porque eu acabo não me suportando de tanto examinar caras, bocas, falas e escritas, procurando insinuações, entrelinhas, objetivos, indiretas, e qualquer coisa que possa se esconder por trás de um “ã-hã” ou “é mesmo?”. Não há cristão que agüente ficar quase automaticamente analisando minuciosamente pessoas por horas. Quando se dá conta, já é tarde, e já foi perdido um tempo precioso analisando puro ouro-de-tolo.

Se você der uma boa olhada, perceberá que a dúvida é o primeiro passo para uma indecisão. É só surgir aquela interrogação que despontam duas respostas, essencialmente antagônicas, cada uma em seu respectivo lado, tecendo e desmanchando argumentações dentro da sua cabeça. Às vezes eu até vejo as listas de justificativas, em confronto (coisa de maluco).

Eu sou bom nessas brigas internas, mas odeio isso. Queria ser mais decidido, ter mais iniciativa! Um simples telefonema chega a ser um tormento interno; o coração se aperta de tanta aflição, e, dependendo da pessoa escolhida, acaba por trazer uma irritação e uma perturbação! A indecisão é, de forma inconteste, algo que me faz sentir um menininho entre o maldito “clube do Bolinha” e a Luluzinha.

Por isso, por muitas vezes quem lê esses textos vai deparar-se com um instigante “não sei”. Não se preocupe, eu também não sou muito simpático a essa resposta, mas é a mais neutra (alguma dúvida disso?) e confortável que pode encontrar um indeciso devotado como eu. Meus amigos vão concordar comigo se eu disser que eles vão ouvir muitos “porque sim!” e “não tenho a menor idéia” se me botarem contra a parede em algum assunto mais delicado; se não concordaram agora, hão de concordar um dia...

Alguma dúvida?
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Lucas do Carmo Lima é... Digo ou não?
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Já diziam os antigos...
"Não acredite em ninguém que sempre diz a verdade" Elias Canetti

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom amigo (acho que já posso te chamar de amigo... ou nao....rs), ja conversamos bastante sobre essas coisas e ja teci minhas consideraçoes a respeito de tanta indecisao.
Largue um pouco o controle das coisas, deixe o barco ir um pouco mais solto.
Mas se duvidar ja virou um vicio, entao bom trabalho porque vc tera muito trabalho pela frente.

Um beijo

Anônimo disse...

"tem dias que eu acordo apenas para duvidar"
Não escreve poesia?
Não mesmo?

Sei não, sei não...