sábado, 22 de julho de 2006

Verborrágico dobrar do Cabo da Boa Esperança

Olá!
Não, não diga que eu demorei pra atualizar!
Aliás, diga sim!
Bom, pouco importa.
É, como eu ia dizendo:... O que eu ia dizendo?
Ah, deixa pra lá!
Ah... Oh... Ah, sim! Lembrei!
Olá!
Faz é muito tempo que eu não mexo e remexo - não sei se era pulga ou se era percevejo - neste bolog. Vejo que as coisas andam um tanto quanto paradas, inertes, emboloradas! Sinto estar num sarcófago de idéias, talvez um sombrio necrotério de conhecimentos, ou não tão sombrio, ou nem tão necrotério... Mas este é um sopro novo na antiga chama de vela que teima, como pira olímpica, a inspirar seu (n ou p)obre mantenedor a alimentá-la a toque de caixa com palha verde, de modo que nada há de se entender desta sentença.
O importante aqui é alertar que este ínfimo Parthenon de sóbrios delírios está sendo atualizado nesse intante (durante o qual escrevo isto que está vindo à minha cabeça), o que deve invocar os espíritos (poucos) que habitam ("comentam") este receptáculo de Pombagiras e Pretosvéios a confabularem publicamente a mim o que lhes ocorre ao deleitarem do seu conteúdo.
Hoje serão p(r)ost(r)ados aqui três textos que foram censurados por mim mesmo há algum tempo atrás, tempo esse o bastante para que o censor os tenha redescoberto e reexposto. Tinha nenhuma lembrança deles; hoje despertaram meu orgulho, queridinhos do papai! Meus poeminhas toscos são toscos mas eu que fiz! E o textículo até que merece uma atenção maior (sem mais confusões, por favor, observe com cuidado a grafia...).
Oh yeah, babies! Sem dó! Cowmentem à vontade!
Pedido aos quatro cantos (10/09/2005)

Que faço eu?
Eu já sonhei,
eu já senti...
Mas eu não tenho
a prática, experiência!
Falta a ocasião
ou não aproveitei as sutis oportunidades?

Como faço então?
Se falho em pensar demais,
observar bastante,
agir pouco.
Raciocinar atrapalha,
pelo menos de vez em quando...

Tudo o que digo - com todas as sílabas, decerto -
tem algum significado, senão alguns,
oculta e objetivamente encaixados,
nada que uma leitura paranóica não resolva.
Porém, e incontestavelmente,
o que faço parece fazer pouco sentido.

Feliz e desesperado
por tê-la e não ao meu lado de dentro,
paro por aqui com um beijo e um afago
no fundo de sua alma nítida, pulsante e,
a mim, intocável, ainda,
dizendo baixinho "me cuida,
que a ti cuido com os olhos".
Feliz insônia (12/09/2005)

Transbordando.
Por quê?
Talvez uma doce ilusão
- sonho de uma noite de verão, chavão romântico -
ou fase nova.
Estranha música para meus ouvidos,
ainda assim, música...
Resta apenas deixar-me fluir.
Afinal, independe, de mim, a maré...
Achamento (12/09/2005)

Deixei-me levar pelo que disse uma amiga; soltei as rédeas da vida, relaxei, respirei e esperei. Sendo miragem ou não, parece-me que chego onde queria há algum tempo. Avisto belíssima paisagem, pouco enevoada, porém igualmente cifrada e misteriosa - ao menos a meus olhos.

Densa mata ainda barra a vista do âmago da nova terra; as praias dão as boas-vindas ao viajante das marés. Cá de longe inspiro esperanças e receios: águas desconhecidas ainda causam-me estranheza, assim como novo estabelecimento em tão exuberante lugar.

Logo flagro-me a traçar planos, vislumbrar um futuro harmonioso em tão impressionante morada... Tolice! Tudo pode não passar de enganos dos sentidos. A vontade de chegar é tanta que posso estar vendo o que quero, não tudo o que realmente está ou não. O horizonte pode apenas iludir-me ou me presentear. Muito tempo a deriva pode ter afetado a razão, quando forças menos lógicas embaraçam a apreciação fria do fato.

Se real a ilha, novos horizontes verei, novas experiências terei, velhos desejos explorarei. Afinal, a espera longa engrandece a conquista. E, se tudo não passar de falso brilhante, terei aproveitado a sensação de que havia, então, encontrado uma oportunidade perfeita para caminhar por trilhas novas e fascinantes.

A distância ainda me engana; na verdade, não tenho uma noção certa de distância: dias, meses, semanas, instantes. Basta a vontade da maré. Meus movimentos em muito já me atrapalharam; é momento de abrir os braços e não resistir ao destino incerto do tempo.

Posso sentir: o momento está para chegar. Nada mais posso adiantar: todo o resto ainda aguarda, inacessível. Mas poderei me conter ao obter a mais tênue definição possível. A lacuna está com seu túmulo devidamente preparado. Só haverá lugar para nova felicidade ou antiga decepção. Mas estou farto da decepção.
Já diziam os antigos...

"O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê." Platão, filósofo grego