terça-feira, 17 de maio de 2005

Estréia!

Oh, o primeiro artigo! Estou um tanto apreensivo, devo dizer. Mas mesmo assim estou tomado de entusiamo. Bem, esse modesto porém honesto (hã-hã, entendeu a rima?) PORTAL de informações pretende trazer um pouco de cultura útil ou nem tanto ao internauta curioso, interessado por arte e psicologia e outros assuntos. Como eu estou no primeiro ano de psicologia (na FEDERAL DE SÃO CARLOS) eu não tenho nenhuma produção intelectual minha (ainda...), mas eu vou tentar trazer para um só lugar - este- os artigos espalhados pela própria Internet ou pelos periódicos e livros. IMPORTANTE: A INTENÇÃO DESTE BLOG - SEM FINS LUCRATIVOS E DE LIVRE ACESSO - NÃO É PLAGIAR NENHUMA PUBLICAÇÃO DE QUALQUER NATUREZA, MAS SIM DE TORNAR ACESSÍVEL UMA PARTE DO CONHECIMENTO RETIDO EM MEIOS MENOS CONHECIDOS OU DE CIRCULAÇÃO MAIS DISCRETA OU RESTRITA A UM PÚBLICO MENOS PRIVILEGIADO OU ACADÊMICO. SERÃO CITADAS AS FONTES E OS AUTORES, A FIM DE QUE AFIRME-SE A NATUREZA HONESTA DESTE BLOG E SEU AUTOR.
Ah, e eu quero dizer uma coisa: além do artigo a ser postado, eu colocarei uma frase (ou pensamento, como preferir) interessante, pertinente ao tema do artigo ou não. Meu professor de história (a matéria que me salvou na provas da UFSCar, Fuvest e Unicamp) no ensino médio (Carlos Tadeu Ceratti Viganó, o melhor professor na face da Terra; fica aqui registrada minha sincera homenagem) fazia o mesmo nas suas provas, para que pensássemos, refletíssemos um pouco no meio daquela zona que é a época dos vestibulares. Essa frase ficará depois do artigo, na seção (Minha nossa, mas que organização mais profissional! Tô tão orgulhoso...) "Já diziam os antigos..." (Essa é homenageando o sinhô Marcelo, que dizia: "Perca o amigo mas não perca a piada!". Tô seguindo, mestre...).
Chega de blá-blá-blá e vamos ao que interessa!
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limiar :: NEUROCIÊNCIA - por Sidarta Ribeiro

As linhas tortas do saber

Nas aves canoras, uma noite de sono pode deteriorar a estrutora do canto matinal

O aprendizado de qualquer rotina costuma exigir múltiplas repetições durante a vigília para que um bom desempenho seja alcançado. Sabemos também que o sono facilita a consolidação das memórias, reforçando o treino da vigília. Com base nestas premissas, é comum supor que o aprendizado é uma marcha em linha retaque vai da ignorância ao saber. Ou seja, que o acúmulo contínuo de conhecimento se reflete na melhora progressiva do desempenho do aprendiz a cada dia. No entanto, resultados recentes sobre o desenvolvimento do canto em pássaros canoros indicam que a visão linear do processo de aprendizado pode ser uma simplificação ilusória [Derégnaucourt et al., (2005) Nature 433: 710-716].
Assim como os humanos, os pássaros canoros possuem uma predisposição inata para a imitação de vocalizações complexas, compostas de vários tipos diferentes de sílabas. O mandarim-zebra australiano, por exemplo, inicia seu processo de imitação cerca de um mês após a eclosão do ovo, a partir da exposição a um modelo de canto produzido pelo pai. As vocalizações produzidas pelos mandarins adolescentes são rústicas e indiferenciadas, mas com o passar do tempo o canto adquire forma e constância, até cristalizar-se como cópia relativamente fiel do modelo paterno.
Os autores registraram na sua totalidade a produção vocal de mandarins-zebra da adolescência à idade adulta, analisando-a em termos de parâmetros acústicos das sílabas (cerca de 1 milhão por animal), tais como duração, freqüencia média, diversidade de freqüencias e continuidade espectro-temporal. Isto permitiu comparar cada canto produzido no transcorrer de 45 dias com a imitação do canto-modelo obtida ao final do processo. Observou-se que na adolescência o canto modifica-se bastante ao ser repetido ao longo do dia, tornando-se cada vez mais complexo e sobretudo mais parecido com o modelo guardado na memória. Mas uma noite de sono causa efeito inverso, deteriorando a estrutura do canto matinal em comparação com o canto alcançado no fim da tarde do dia anterior. Experimentos-controle utilizando melatonina para induzir o sono durante o dia permitiram demonstrar que a deterioração do canto é ativamente produzida pelo sono, e não apenas conseqüência de passar horas sem cantar durante a noite. Em outras palavras, a ontogênese do canto percorre um ziguezague de avanços e recuos, dois passos para a frente e um para trás a cada ciclo sono-vigília, até que o canto-modelo é finalmente copiado e estabilizado.
Some-se à estranheza deste aprendizado errático o paradoxo da deterioração da memória produzida pelo sono, na contramão das fartas evidências de que dormir auxilia o aprendizado. Crise teórica à vista? Em verdade, não. O dado crucial para a resolução do enigma é que os pássaros com os maiores índices de deterioração do canto após o sono são justamente os que melhor imitam seus modelos ao final do desenvolvimento. Isto indica que a deterioração provocada pelo sono é de alguma forma benéfica para a imitação do canto. Embora não saibamos exatamente como, os resultados sugerem que cada dia o pássaro constrói uma cópia parecida - porém ainda assim inexata - do canto modelo, que tem de ser desfeita à noite para que nova busca do canto perfeito seja iniciada pela manhã. Os autores comparam o desenvolvimento do canto ao temperamento metalúgico, sucessão de aquecimentos e resfriamentos que confere qualidade superior às ligas metálicas. Homero talvez visse no fenômeno o longo faz-e-desfaz do manto de Penélope. Chico Science diria apenas: eu me desorganizando posso me organizar.
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SIDARTA RIBEIRO é Ph.D. em neurobiologia pela Universidade Rockefeller. Desde 2000 faz pós-doutorado na Universidade Duke, investigando as bases muleculares e celulares do papel do sono e dos sonhos no aprendizado.

FONTE: Revista Viver Mente & Cérebro, ano XIII nº 147, de abril de 2005; página 25. Site: www.vivermentecerebro.com.br . ISSN 1807-1562. Duetto Editorial, São Paulo, SP, Brasil.

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Já diziam os antigos...

"Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la, e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela." Confúcio

segunda-feira, 16 de maio de 2005

No ar!

Está no ar o portal "Lucas.net"!

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