quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Pensamentos de um principiante

Como é possível crer na efemeridade das coisas todas sem que os sonhos se desmanchem como nuvens em chuva?

Tentamos fazer planos, mas é tão difícil conviver com a incerteza sem preocupar-se com ela a cada piscadela de olhos...

Resta viver assim mesmo, como nos é dado, da forma mais crua, e esquecer que podemos sonhar, perder e sumir. Talvez, assim, consigamos sonhar sem saber, e, quem sabe, viver um sonho por um instante real.

A poesia do viver, qual mais será? Das mil coisas que há para se viver, como saber qual será o instante eterno e qual será o estalar de dedos? Como viver assim, esperando que as coisas aconteçam mas correndo atrás das próprias coisas que se espera?

Qual a importância das coisas pequenas? Como saber o que é pequeno e o que é insignificante?
Engatinho largamente, cheio de idéias na cabeça, sonhos nos arrepios e pó nos olhos. Onde será que vou parar? Parar pra quê, como?


O fim de tudo que levanta vôo é o chão.

Para onde foram as velhas seguranças de sempre? Onde está a espontaneidade que se perde com a distância?

Tudo pode ser e tudo pode não ser? A virtude de hoje é o defeito de amanhã e vice-versa? Num jogo de probabilidades impraticável, nem corda-bamba há. Há bamba.

A instantateidade da vida e sua eterna imprevisibilidade são o mel de todo dia, dizem os bem entendidos. Mas é apenas quando se contraria as regras que você não concorda.

Porque tenho que pensar no fim a cada dia distante?

Tem tudo pra dar e pra não dar, também. Vai saber... Quando tudo diz que sim, algo diz que não. "Não" é forte e truculento. Quanto blablablá mental...

A vida se revela tão clichê para uns, com suas fases e contas e números e passos e fins determinados como um roteiro. Noutro lado, o romantismo impossível e inacreditável aparece na sua vista e materializa-se nas histórias improváveis que conhecemos. Crer em quê?

Assim vou, tentando achar fé onde só há caminhos a serem traçados. A sensação de errar fatalmente é companhia certa, mas a cada sorriso se dá um passo mais firme e decidido.

Conhecer é percorrer, e é tudo que se pode.

Futuro? O que é isso?

domingo, 9 de dezembro de 2007

Só pra ti, linda

Olá!
Hoje, este blog está exclusivo.
Sabe, muitas mudanças acontecem na minha vida desde o dia em que te conheci. Não sei como estarei daqui a um mês, daqui a um ano, daqui a uma vida, mas tenho a certeza de que estarei melhor ao seu lado, caminhando junto a ti (embora você goste de sair e meditar a sós, de vez em quando). Eu sou muito grato a você por isso, pela sua coragem e doçura. O que posso te fazer em troca é o que eu tento há dois meses: dar o melhor de mim. É o mínimo que mereces de mim.
Amanhã, estarei aí contigo, mas, hoje, nesta dia em que estamos tão longe e continuamos juntinhos, o que posso fazer é isso: escrever e esperar. Espero que goste!
Beijos, Jaque! Parabéns pelos nossos dois meses!
Dois lindos meses

Hoje são dois meses. Dois meses da história mais linda que eu conheço. Aquele dia... Eu nunca vou esquecer aquelas mãos dadas, suando de não sei o quê, subindo a rua de casa. Nunca vou esquecer aqueles beijos tão difíceis de começar, mas mais difíceis de interromper...

Aquele dia foi – sempre será – o dia mais louco da minha vida! Do zero ao infinito em dois minutos ou menos! Do nada ao tudo em um descer e subir de elevador. Em uma campainha inesperada, em algumas breves palavras na porta.

Mas esses dias passaram... E viraram um mês! Um mês à distância, mas um mês mágico! Até discutir a gente discutiu, e as pazes a gente fez no mesmo instante! Um mês cheio de viagens, cinemas, sono, palestras, amassos, carinhos, beijos! Um mês cheio de surpresas! Um mês cheio de preocupações na estrada e de música nos violões...

Daí esse mês passou, e ficou grávido de outro! O segundo mês! Esse, agora, foi mais carregado de saudade, de fins de semana na lembrança... Nas conversas que o sono faz a gente dizer uma coisa e parecer outra... Mas é tão gostoso conversar! Descobrimos que perdemos facilmente a hora só enrolando pra dizer “tchau” um pro outro... Descobrimos até quem dirige melhor, e podemos contrariar a sabedoria masculina, hehe! Descobrimos um montão de coisas, até mesmo que não sabemos direito até onde vai a manha do outro!

Mas é o começo de muitos meses. Hoje, começa o caminho pro terceiro mês e, com ele, novas descobertas, novas discussões, novos beijos, novos carinhos, novas conversas!
Novos adjetivos pra falar dessa história tão linda, desse namoro tão engraçado, tão romântico, tão gostoso, tão, tão... Tão feliz!

Belezinha, parabéns! Fazemos, hoje, dois meses de namoro! Dois lindos meses...

Já diziam os antigos...

A lagartixa

A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito...
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores

Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha...
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.


Álvares de Azevedo

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Das conversas de hoje de madrugada

Preciso amadurecer agora. Não que tenha de ser um amadurecimento instantâneo, mas tem que ser contínuo, autêntico e permanente. Sem pensar possibilidades terríveis, sem antecipar as coisas em viagens imaginárias. Sem falar demais, o que é difícil. Antes, e fundamentalmente, é preciso viver e fazer. Viver as coisas, porque elas passam se você as deixar assim, e fazer as coisas, porque o pensar é eterno mas etéreo e as palavras nada podem além de dizer sobre as coisas. É preciso crescer agora... É duro, mas o moleque tem que crescer.

É preciso amadurecer, então. Mas amadurecer pra mim, pra que eu esteja maduro pra ela. Pra que eu alcance tudo o que ela pode dar, tudo o que ela tem. Sem deslizes evitáveis, sem palavras desastradas. É preciso também pensar um pouco, mas apenas o bastante. As coisas certas ainda são poucas, mas são boas. Pra que eu não estrague tudo de uma maneira que só eu consigo, pensar também é preciso. Principalmente, antes de dizer.

É engraçado pensar como as palavras machucam. Como elas dever ser medidas pra dizer o que se quer e não o que elas podem querer dizer. O fundamental zíper que só se abre na presença da certeza ou, ao menos, do exame criterioso.

Como é bom ter que amadurecer. Isso significa que há alguma mudança, alguma coisa nova que nos aparece. Alguma coisa linda. Alguém? É! E é pra isso que eu preciso amadurecer mais. Preciso amadurecer tudo o que eu não amadureci em oito ou dez anos, e ainda o que eu tenho que amadurecer daqui pra frente. Pensando assim, que bom que eu tenho que amadurecer. Ter alguém pra te apontar isso... Que bom!

Amadurecer, eu estava pensando. Quando uma fruta qualquer amadurece, ela cai. Mas daí você pode pensar: "Caiu no chão, caiu do pé, mas que frutinha mais azarada!". Pois é, mas quando ela cai é que ela tem a chance de virar árvore. E, virando árvore, também dar frutos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Quase um mês!

Quase um mês, povo...
Que falta pra começarem as férias...
Que faz que minha vida tomou rumo...

Chega de divagar, né verdade?
Hoje eu vou colocar um poema meu, quase meia boca, que eu fiz um dia aí.
Vejam se gostam. Na verdade, se alguém ler, já estarei feliz, porque nunca vi tão pouca gente visitar essa espelunca. E isso contando eu!

Bom, até mais!
Encontro


Lucas do Carmo Lima

Olho, da janela,
Uma cena sinistra:
A noite está clara
Mas sombria...
Seguem, as nuvens,
Uma marcha lenta...
Vão rumo ao longe...
O horizonte está limpo,
Continua a noite normal,
As nuvens, fúnebres, andam
Acima do céu.
A lua está firme
E empresta sua força
A essas nuvens errantes...
É o candeeiro pelo caminho.

A noite não parece noite,
Não parece tão tarde...
As ruas continuam vivas,
Os apartamentos continuam acesos.
Mas é noite, e soberana.

As preocupações que brotam do chão
As perseguições perturbadas
Não levantam nem poeira...
É a hora da noite brilhar!
As nuvens não ligam pra nada,
Elas andam e só...
Andam acima das cabeças
E dos edifícios e das idéias...
E também não se ocupam de andar
Nem se preocupam em andar...
Só andam e é tudo que acontece.

Entre as nuvens e as estrelas
Não há nada,
Mas elas nunca vão se encontrar.
As nuvens não sobem...
Elas vão em frente!
Às nuvens não importam
Aquelas estrelas.
Aquelas estrelas vão continuar lá
As nuvens, aqui.
Às nuvens vem o vento
E o vento é tudo de que precisam...
As estrelas são belas
As estrelas são místicas
As estrelas são formidáveis!
Mas quem acompanha as nuvens
É o vento.
É o vento que tirou as nuvens
Do marasmo
E as colocou em movimento!
É a companhia que vale mais
Que mil admirações!
Companheiro admirável...

As estrelas são até poéticas
Mas que fiquem por lá, paradas,
Com seu movimento que não se vê
E aquela luz que não ilumina...

O vento é diferente.
O vento está aí
- é só soprar que ele aparece!
Ele não precisa da noite,
Dispensa a luz...
O vento que mexe as nuvens
Vale mais que mil desejos vãos...

O vento faz o andar das nuvens
Nesta noite sinistra, mas linda,
Onde a lua espia o encontro mais lindo
E o encontro mais livre!
Entre o vento as nuvens, não há nada.
Não há nada que os separe.
Não há nada que pare
O vento e as nuvens.

sábado, 6 de outubro de 2007

Hoje eu só vou escrever um pouco

Sabe quando a gente tenta controlar tudo e, não mais que de repente, isso passa a nos controlar?
Tentamos nos segurar e, quando se vê, já estamos andando pra trás sem querer.
É mais ou menos por aí.

Sabe quando a gente fica cego pelos nossos próprios demônios e só consegue abrir os olhos de cara pro sol?
Aí você me pergunta: mas isso não deve doer?
Eu lhe digo: pois é...

Sabe quando você não distingue mais o que você criou sobre você do que você sente de você?
Às vezes, você tenta descobrir a diferença, mas aí você acabou de criar outra coisa sobre você.
Já era.

Sabe quando você pensa que esqueceu e que acabou e você vê as fotos que salvou e lembra das estranhices que aconteceram?
Que nostalgia que dá, que esperança que cresce....
E pra saber se é em vão?

Sabe quando você precisa falar e sabe pra quem, mas não sabe o que é?
Pode ser recíproco.
Pode até ser.

Sabe quando você tem vontade de não desperdiças suas metáforas num texto, a princípio, despretensioso?
Pra quê pretensões?
Pra quê metáforas?
Pra quê texto?

Sabe quando você não sabe, mas o faz?
Eu fiz e não sabia.
Soube agora.
Gostei e não.

Sabe quando a certeza sobre si se destrói a cada dez minutos andando?
É fogo que arde se se ver.
É nada mais que tudo que você tentou resolver. E o fez ao contrário.

Sabe aquela sensação de que aquilo se acabou tem em si um quê de "mas, e se"?
Tem horas que eu não sei se é feito, se é surgido ou se é fingido.

Sabe a idiotice que lhe toma nos momentos de encontro?
E a estranha naturalidade enlatada que a acompanha depois?

EU POSSO DIZER ASSIM, EM GARRAFAIS, QUE EU NÃO SEI.
Até onde estou apenas criando uma cortina de fumaça que me esconda de uma possível verdade, não sei...
Até quando eu ainda precisarei pensar em parar de pensar, não sei...
Até quando isso vai atrasar meus movimentos e meu instinto...
Até quando isso vai durar, até quando vou me ocupar dessa joça toda...

E a verdade? Está no momento, na razão, nos filmes que queremos indicar e que mostram o contrário e o correto de toda nossa vontade?
Está num dia inteiro de raciocínios e lembranças ou numa frase que você ouviu de alguém que te viu três vezes?

E o amor, onde buscar? Quem vai estar lá pra te entregar, ou pra se entregar?
E a felicidade, foi-se embora?
E a tristeza, tem fim?
E o romantismo, que a vida esmaga a cada dia?
E o lirismo, que dá lugar a resmungos existencias?
E as perguntas, um dia eu vou conseguir respondê-las?
Did she get her ticket to ride? Does she care?
E as escolhas? Quando elas se tornarão mais naturais?
E as músicas, serão, um dia, sem dedicatória? Sem sentido?

Ainda bem que eu sei escrever. Pelo menos isso.
Se não sobesse, iria pra onde? Pro sanatório, com uma camisa de força, ou pro meio da rua, com um megafone?
Mas, eu sei. Menos uma a pensar.
Mas, eu sou rápido. Já pensei. E já escrevi.
Acho que escolheria o sanatório... Lá, eu arranjava um megafone.

Quando eu vou poder parar e olhar ao redor sem me preocupar?

Hoje, eu só ia escrever um pouco. Mal sabia eu.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Olá! Tudo bem? Como vai?

Leia o título mais uma vez.
Leia de novo, agora mais rápido.
Leia três vezes, nessa velocidade.
Pronto, você acabou de imitar Joseph Klimber!

Tolices à parte, aqui estou eu de novo. E vamos que vamos.
Como não me lembro de ter escrito nada bom e publicável nesse meio-tempo - além do textinho do Sarau, que segue nesta postagem - vai um texto muito meiguinho (^^, carinhas de japonês, quem diria...) de uma amiga em segundo grau (hehe, amiga de amiga, oras...) que, aliás, foi muito bem recomendada. O seu blog, "A Toca do Texugo", é muito bom e o endereço é http://www.atocatxg.blogger.com.br/. Até me inspirou a botar um nome mais poético, mas me deu preguiça. Lembrei de Macunaíma...
Infelizmente, não tenho nenhum tipo de autorização pra fazer essa divulgação. Acabei de comunicar. Se este texto for censurado um dia, é sabido publicamente o motivo.

Aliás, o texto d'A Toca é muito bom! Dona Lia, a mãe do dito cujo, caprichou na figura. Só não caprichou na hora de comentar, hehe, porque machuca quando eu leio "auto-ajuda" sobre esse texto. Bom, se isso é auto-ajuda, imagino o que seriam "os grandes clássicos" do blog. Etc.

A citação nesse recomeço no blog é um poeminha, que só é citação porque é pequenininho. Mas é digno de postagens. Autora interessante, até surpreendente.

Aí vai! Até!

E aos novatos visitadores (se houver): sejam bem-vindos! E comentem!


Abertura

Para o 3º Sarau da Psico, sem palavras, do dia 14 de setembro de 2007.

Lucas do Carmo Lima

"Raramente conhecemos alguém de bom senso, além daqueles que concordam conosco."
François La Rochefoucauld, escritor

Eu não busco a unanimidade, porque viver sem discutir não tem graça. Nem busco terminar tudo o que comecei, pois, depois do primeiro arranhão, estaria condenado a rasgar-me ao meio. Esta miúda parcela de minha tentativa – e erro, várias vezes – parece buscar algo que está fora deste papel antiecológico que está na sua frente. Parece buscar você, que está lendo, e que poderia viver tranqüilamente sem ter vindo, parado e lido isto aqui. Parece buscar porque, no momento em que foi escrito, isso aqui já não mais pertence a mim; agora, essas linhas todas ganharam a liberdade de ser o que é compreendido, de atingir sem objetivo. A palavra virou vírus... Já não respeita mais nada além de sua própria propagação. Não há como segurar essas palavras. Agora, elas estão passando por dentro de você e deixando alguma coisa, nem que seja a vontade legítima de parar de ler. Dessa forma, ao ler tudo isto, eu mesmo me provoco, me desafio a fazer coisas, sentir coisas e pensar coisas. Mas eu não provoco ninguém ao escrever. Eu escrevi o texto, mas não o possuo. É um filho que se cria para o mundo; se ele lhe arrepia até a espinha, não é meu problema. É um filho que nasceu grande.

Estas palavras também não têm fim; são como avalanches, que não pedem desculpas, não têm pretensões e nada sentem pelas árvores que arrancaram. E, como eu e você, têm seu fim fora delas. As avalanches só param quando a montanha acaba.




Destreza

Lia, "A Toca do Texugo"

Às vezes eu penso que a vida é como uma antiga caixa de música que já não funciona mais. Uma linda e empoeirada caixinha de música que já perdeu sua melodia, mas conserva sua beleza e seus detalhes. Olhando de longe, apenas uma caixa qualquer, mas se você chega ali perto, dá uma olhada no fecho enferrujado e toca as reentrâncias trabalhadas há tempos, por um instante começar a amar aquela peça.

Você pode deixá-la ali, ou abri-la. Quando optar pela segunda, achará nada mais que centenas de linhas e fios. Todas as cores e tamanhos, espessuras e comprimentos ali entrelaçados, embaraçados. Milhares de nós naquele emaranhado sem fim dentro de uma simples caixinha. Um mundo de problemas, soluções e sorrisos simplesmente confinados pela velha fechadura que você acabou de abrir.

Então você começa a desembaraçar os nós, e quando pensa que já viu todas as cores, ali no meio acha um azul-esverdeado lindo que você ainda não tinha enxergado, aqui e ali fios de textura cada vez mais diferentes vão se revelando.

Assim, você é dona de si, faz o que bem entender com aqueles fios, sabendo que se puxar muito mais forte vai arrebentá-los, mas que se deixá-los ali, eles perecerão. Daqui a pouco você encontra um nó que não pode desatar, por mais que tente, morda, esperneie ele não cede, e você passa a desatar outros, porque apesar dele, ainda muitas coisas precisam ser resolvidas. Apesar de você não ter o poder de desatá-lo, você pode atar outros fios da maneira que bem entender, e formar novos emaranhados, ou tornar as coisas simples e desembaraçadas, na medida do possível. São suas escolhas.

Depois de você mexer ali por muito tempo, encontra lá no fundo a bailarina que costumava dançar na caixinha. Que se colocava de pé e rodopiava divinamente, mas foi sufocada pelas fitas e linhas. Esse é seu coração. Coloque-o acima de todas as fitas, para que estas sejam o seu ninho, e ele seja livre e respire.

A caixa pode não ter mais música, pode estar empoeirada e ter infinitos nós dentro, mas é linda, de uma beleza inestimável. É a sua vida. Ame-a com todas as suas forças, e se empenhe em desvendá-la a cada dia, a cada nó, a cada cor, a cada textura.

A caixa está à sua frente, o que você vai fazer? Deixá-la trancafiada ou abri-la? A escolha é sua, e somente sua.


Já diziam os antigos...

Moldura

Particularmente,
não há dificuldade
(ou desespero)
em não ter asas.
Mas em tê-las
e não poder voar.

Ana Lucia Cortegoso, psicóloga e poetisa.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Ma' como?

Deu vontade. Sem mais.
Até acabar o fôlego (25/04/2007)

Lucas do Carmo Lima

Mistério é a chave
Chave para o encantamento
Encanto justo ao coração dos tolos
Tolos todos crentes no juramento
Jurados de toda perdição
E perdido está quem acredita no tempo
Tempo que torna os velhos tolos
Todos gênios, guardiões de um sacramento
Sacramento insano, porque vivo
Vivido na emoção, sem nenhum lamento
Lamento de quem não acreditou
Numa crença, num sentimento.

É, então, o mistério que dá valor
Valor que não se compra; é momento
Momento perpétuo naquele que pulsa
Sangue em aquecimento
Quente desejo por atrair
Atração com fundamento
Fundada na pura abstração
Divinos castelos de vento
Sopro da livre admiração
Mira sem discernimento
Sem entender, embora claro
Impassível em seu acobertamento.

Coberto de razão
E desrazão, sem consentimento
Sentiu o mistério nas mãos
Maneja o conhecimento
Conheço, então! Eis que é
...
La Buena Del DJ Lucón
(só pra variar um pouco, espalhar a poeira)

Luiza, Tom Jobim

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Memorandum

Olá!
Bom, esse não é necessariamente uma postagem. É mais um aviso no mural de avisos da nossa querida Lucas.net Virtual Corporation, para todos os nossos colaboradores e leitores.
Eu tenho alguns "blogs" relacionados na coluna à sua direita, os quais foram selecionados desde a fundação gloriosa desta instituição. Alguns deles ainda funcionam, alguns pararam de funcionar, outros estão prestes a falecer. E, desde que este ente que lhe aparece à fuça existe, há tentativas de manter um certa norma cultural dos ditos "blogs": comenta-se para ser comentado. Esse comentário, além de expressar opiniões acerca do tema comentado, funciona como uma espécie de "alerta" de que o referido "blog" ainda existe e que gostaria de ser comentado.
Bem, há postagens e postagens. Nos primórdios, quando isto aqui era apenas "Lucas.net Ltda.", eu comentava absolutamente tudo o que me aparecia nos "blogs" selecionados. Além de serem meus amigos e colegas, tratavam de assuntos deveras interessantes e cuja opinião era fluente e relativamente simples. Eu era jovem, inexperiente e um tanto quanto não-habituado com alguns assuntos de cunho mais pessoal, o que me conferia a imparcialidade que me permitia driblar as dificuldades do tema, com uma certa ignorância simplista.
O tempo passou (ou eu passei pelo tempo). Continuo jovem (um pouco menos, é verdade) e inexperiente (idem). Mas a passagem pelo tempo me descascou para os dilemas e sentimentalidades humanas, e minhas opiniões acerca de temas afins começaram a passar por crivos cada vez mais rigorosos, tornando-se cada vez mais escassas e complexas. Emitir opiniões nesses termos tornou-se, com o passar de dois "reveillóns", muito arriscado, já que qualquer coerência ou escrúpulo que me ocorra já invalida qualquer tentativa de comentar decentemente.
Comunico, assim, que cessam, por tempo indeterminado, comentários a postagens dos gêneros supracitados, o que não significa, de forma alguma, que eu parei de lê-las (muito pelo contrário).
Assim, encerro por aqui esse pequeno recado, que corrobora, mais uma vez, para manter a transparência e a coerência deste diário digital corporativo.
Grato pela atenção dispensada.
Até logo e tenha um bom dia!
Lucas do Carmo Lima
Presidente e CEO - Lucas.net Virtual Corporation

quinta-feira, 8 de março de 2007

A volta do bloguêmio

Olás!
Primeiro, peço perdão pelo trocadilho escroto do título.
Postar isso no Dia Internacional da Mulher só pode ser sacanagem comigo, não? Hahaha...
Volto à ativa no blog, assim como estarei voltando à ativa no curso de Psicologia também. Como voltar à ativa requer tempo, economizarei no falatório hoje. Posto aqui um texto bem atual (tipo de hoje) que eu acabei de escrever, que é meio tosquinho mas tá valendo. E indico três belas músicas (que acompanham bem o texto; praticamente o amendoim que acompanha o truco).
Atés!
Um cachorro que caiu da mudança (08/03/2007)

Lucas do Carmo Lima

Estou perdido.

Desde a última vez que me senti assim... Bom, não me lembro se já me senti assim, nesta forma tão instável e estranha. Não posso nem dizer que me sinto vazio, um oco da alma... Não, isso não. O que há dentro de mim é mais do que eu posso descrever. Posso sentir, posso tocar. Mas não está tão dentro mais; está mais é fora. A verdade e tudo mais estão lá fora, me olhando de raspão, sem interesse nem muita atenção.

É uma sensação de ser prisioneiro de uma guerra fria. Nem te mataram, nem te venceram... Mas te largaram, te esqueceram. Nem ao inimigo serves mais. Não és ameaça ou troféu, mas apenas os restos do desprezo que a desimportância proporciona.

Talvez não seja nem desprezo o que sinto. É a indiferença mortal que acontece quando parece que só pra ti as coisas aconteceram, e o resto do mundo não viu nem um segundo de tudo o que passaste. As pessoas tocam suas vidas como um barco a ser remado a favor da correnteza, enquanto tu estiveste o tempo todo a remar para o lado contrário, tentando ver pela última vez alguém pelo qual você passou e que nem está mais lá. O que restou é a idéia intransponível e renitente de que, a qualquer momento, verás o tal alguém, e, naquele momento, poderás pensar que tudo pôde valer a pena.

Eu já não posso agüentar esta situação desgraçada. Eu estou vivendo meus dias todos, há seis meses, a lembrar e lamentar. E uma esperança que não cessa insiste, mesmo que ínfima, a negar sua insignificância. Por mais que eu aceite minha debilidade em lidar com os fatos naqueles dias tão dourados quanto cinzentos, parece que não tenho como escapar da lembrança sórdida que me surge.

É difícil ter que admitir que não saiba lidar com a derrota, principalmente quando é algo que mereceu tanta teimosia. É difícil perder para a derrota. Eu perdi e, por mais que os cenários mais otimistas que eu imagine me inspirem, jamais estarei sequer próximo a tudo o que eu quis naqueles dias. Nada que eu fiz de caso pensado deu certo. O que eu fiz por acaso, tampouco. É difícil admitir que não superei nada disto ainda e que meu coração pulsa pesado e dolorido ao escrever estas palavras.

Admitir é difícil. E quando se recebe tudo facilmente, como uma conseqüência natural das coisas, ou, pelo menos, se vê as coisas desta maneira, admitir é complexo, é algo que não se entende. Quando persistir nunca foi tão preciso e falhei. Porque não adianta nada persistir por dentro; tens que persistir para fora, tens que canalizar para poder direcionar, e não concentrar para explodir e esvaziar.

Olho ao meu redor e vejo só felicidade. Sorrisos por todos os lados. A alegria que emana das pessoas é um raio de luz nos olhos, que ofusca a visão. E eu aqui, na sombra que eu mesmo faço com as mãos, que tremem de nervosas. Nunca estive tão triste por não ter o que nunca tive. Jamais isso me afetou tanto quanto hoje. Por ser que seja porque hoje isto está mais próximo de mim, mais claro e evidente. Ou porque já esteve pra mim, clara e evidentemente, que a minha vez havia chegado, que a hora estava sendo contada em modo regressivo e que os instantes passavam serelepes sabendo de tudo que os sucederia.

Ninguém mais me é ideal. Ninguém mais me é assim tão especial; ninguém mais se destaca tanto no meio do povo. Não tem mais quem eu olhe, então eu olho para tudo. Perdi o objeto final, o destino horizontal de minha admiração. E estou completamente jogado entre minhas tralhas sentimentais. Estou entre a elaboração literária e o fato literal. No fio da navalha. Melhor, estou na sarjeta. Eu estava na sacada e agora tento achar as fotos antigas no sótão.

Não quero crer que meus dias irão correr desta forma, e talvez mais áridos e intensos, com o início de uma terrível rotina de “flashbacks” do castelo de areia que eu estava construindo e caí em cima. Não quero, mas tenho que esperar isso, para que eu não me quebre mais ainda. É mais ou menos como naquela velha frase sobre a crença nas bruxas...

Sinto que quero dizer que não sei de mais nada, virar pra janela e olhar o pôr-do-sol sem temer o que virá no próximo amanhecer. Mas agora é noite alta, e o amanhã é algo que ainda me assusta. Tenho muitas incertezas sobre o que vai acontecer daqui pra frente em certas coisas da minha vida, outras não me preocupam... De vez em quando eu queria ter sido como as outras pessoas que eu conheço, sabe... Com uma vida um pouco mais corriqueira, menos anormal. Uma vida tão previsível quanto minhas falas de efeito. Uma vida tão previsível quanto minhas brincadeiras sem graça. Mas as minhas coisas andam num ritmo pouco marcial, talvez tão sinuoso quanto as opiniões que as pessoas têm de mim. Ou que eu acho que têm, porque as pessoas não dizem pra qualquer um e nem a todo momento a opinião que têm sobre outras pessoas.

Algumas pessoas que conheço já me disseram, quando conversando sobre beber demais e fazer coisas desprezíveis das quais as pessoas se gabam tolamente, que “quem não bebe não tem histórias”. Talvez, pensando por este lado, a minha vida, pouco usual do jeito que vem sendo nos últimos 19 anos, seja a grande história que contarei pros meus filhos e netos. Um história que pode não ser gloriosa, etílica ou digna de orgulho até lá, mas será, no mínimo, curiosa. E uma história que não deverá ser repetida.
A(s) Boa(s) do DJ Lucão
(o nome não poderia ser mais idiota, mas o que vale é a ideia, não é verdade?)

Moon River, Henry Mancini
Pedacinho do Céu, Waldir Azevedo
Stuck In A Moment, U2

sábado, 27 de janeiro de 2007

Caminhando e postando...

Olá!
Eu não tô afim de ficar enchendo o piquá de vocês, portanto coloco aqui um texto do José Nêumani Pinto (aquele mesmo, dos comentários perspicazes do Jornal da Manhã, a única coisa que presta na Jovem Pan FM). Na verdade, é um comentário dele no Jornal da Manhã mesmo. Peguei este texto de um daqueles PowerPoint que a gente recebe por e-mail; se houver alguma imprecisão em relação ao original ou se não existe um original, paciência... Eu ia colocar no meu "quem sou eu" do Orkut, porque lá a audiência é um pouquinho maior. Primeiro, não pus porque não deu o espaço. Segundo... Pensando bem, o nível médio e individual dos meus fiéis seguidores daqui é um pouco maior, hehehe... Mas não que eu esteja prejulgando os ignorantes, nada disso. São todos bem-vindos!
Vamos atualizando aos poucos, mas vamos!
Vamos que vamos!

29 milhões de ligações do povo brasileiro votando em algum candidato para ser eliminado do Big Brother.
Vamos colocar o preço da ligação do 0300 a R$ 0,30. Então, teremos... R$ 8.700.000,00. Isso mesmo! Oito milhões e setecentos mil reais, que o povo brasileiro gastou ( e gasta ), em cada paredão! Suponhamos que a Rede Globo tenha feito um contrato "fifty to fifty" com a operadora do 0300, ou seja, ela embolsou R$ 4.350.000,00. Repito: somente em um único paredão!
Alguém poderia ficar indignado com a Rede Globo e a operadora de telefonia ao saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham mal e trabalham o ano inteiro, ajudam a pagar o prêmio do vencedor e, claro, as contas dessas empresas. Mas o "x" da questão, caro(a) leitor(a), não é esse. É saber que paga-se para obter um entretenimento vazio, que em nada colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta; mostra só a ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico dos participantes e, consequentemente, daqueles que só bebem nessa fonte.
Certa está a Rede Globo. O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o sábio público tem ainda várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com as votações. Aliás, algo muito natural, para quem gasta mais de oito milhões numa só noite! Coisa de país rico como o nosso, claro!
Nem a Unicef, quando faz o programa Criança Esperança, com um forte cunho social, arrecada tanto dinheiro. Vai ver, deveriam bolar um "BBB Unicef". Mas, tenho dúvidas se daria audiência. Prova disso, é que na Inglaterra, pensou-se em fazer um Big Brother só com gente inteligente. O projeto morreu na fase inicial, de testes de audiência. A razão? O nível das conversas diárias foi considerado muito alto, ou seja, o público não se interessaria.
Programas como BBB existem no mundo inteiro, mas explodiram em terras tupiniquins. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão (ou uma bobona) qualquer, mas não lembra em quem votou na última eleição. Que vota numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que gasta seu escasso salário num programa que acredita de extrema utilidade para o seu desenvolvimento pessoal e, que não perde um capítulo sequer do BBB para estar bem informado na hora de pagar pelo seu voto. Que eleitor é esse? Depois, não adianta dizer que político é ladrão, corrupto, safado, etc. Quem os colocou lá? Claro, o mesmo eleitor do BBB!
Aí, agüente a vitória de um Severino não-sei-das-quantas para Presidente da Câmara dos Deputados e a cara de pau, digo, a grande idéia dele, de colocar em votação um aumento salarial absurdo a ser pago pelo contribuinte. Mas o contribuinte não deve ligar mesmo, ele tem condições financeiras de juntar R$ 8 milhões em uma única noite para se divertir, ao invés de comprar um livro de literatura, filosofia ou de qualquer assunto relevante para melhorar a articulação e a autocrítica...
Chega de buscar explicações sociais, coloniais, educacionais. Chega de culpar a elite, os políticos, o Congresso. Olhemos para o nosso próprio umbigo, ou o do Brasil. Chega de procurar desculpas, quando a resposta está em nós mesmos. A Rede Globo sabe muito bem disso, os autores das músicas Egüinha Pocotó, O Bonde do Tigrão e assemelhadas, sabem muito bem disso; o Gugu e o Faustão também; os gurus e xamãs da auto-ajuda idem.
Não é maldade nem desabafo. É constatação.
José Nêumani Pinto, para o Jornal da Manhã

Já diziam os antigos...
"Raramente conhecemos alguém de bom senso, além daqueles que concordam conosco." François La Rochefoucauld (1613-1680), escritor

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Em Stand-by...

Feliz 2007!
Outro dia eu me feri... Sangrei... Mas agora estou estancando tudo isso, mas ainda estou a me recuperar... Uma garrafa caindo no chão; foi isso. E estatelou-se em pedaços, e me atingiu... no começo não doeu... O que doeu foi dar a anestesia... Seria ilógico, se não fosse dolorosamente real. Em breve, mais uma cicatraiz, mais um troféu, mais uma lembrança.
...
E aí, incauto leitor? Está pensando que o sr. Lucas aqui está mais uma vez utilizando sua escrita metafórica para exorcizar suas assombrações? Ha-ha-ha, peguei um bobo na casca do ovo! Na verdade, no dia 13 deste janeiro eu fui guardar compras e... Exatamente! Uma garrafa de vidro me fura a sacola, cai e abre um cortinho sanguinolento no pé direito, bem no calcanhar. Estou com dois pontos no calcanhar e quase de molho por um tempo. E mais uma cicatriz para o rapaz mais azarado deste blog! Quem vê, pensa que eu sou o menino mais arteiro do bairro desde criancinha! Quem vê, pensa!
Bom, já venho por meio desta atualizar um pouco este blog. Na verdade, a parte não-exorcista acabou por aqui. Deixo três casais (ironia-navalha na carne) de versos sobre minhas metáforas (enganei você, haha) e uma indicação de música, porque ela é muito boa pra ser apenas lida. Aliás, a nova seção do blog! Espero que gostem da invenção (não tem o que fazer, inventa)!
Fiquem à vontade! Só não repare na bagunça.

Metáforas (18/01/2007)

Lucas do Carmo Lima

O que faz as metáforas tão belas?
Ter alguém pra olhar pra elas,
Pra tirar as palavras das celas,
Acender, na sobras, algumas velas
E fazer do olhar, janelas,
Pra que eu entre através delas.

A Boa do DJ Lucão
(por enquanto, só a música mesmo, porque de resto...)
Um Pequeno Imprevisto, Paralamas do Sucesso