sábado, 6 de outubro de 2007

Hoje eu só vou escrever um pouco

Sabe quando a gente tenta controlar tudo e, não mais que de repente, isso passa a nos controlar?
Tentamos nos segurar e, quando se vê, já estamos andando pra trás sem querer.
É mais ou menos por aí.

Sabe quando a gente fica cego pelos nossos próprios demônios e só consegue abrir os olhos de cara pro sol?
Aí você me pergunta: mas isso não deve doer?
Eu lhe digo: pois é...

Sabe quando você não distingue mais o que você criou sobre você do que você sente de você?
Às vezes, você tenta descobrir a diferença, mas aí você acabou de criar outra coisa sobre você.
Já era.

Sabe quando você pensa que esqueceu e que acabou e você vê as fotos que salvou e lembra das estranhices que aconteceram?
Que nostalgia que dá, que esperança que cresce....
E pra saber se é em vão?

Sabe quando você precisa falar e sabe pra quem, mas não sabe o que é?
Pode ser recíproco.
Pode até ser.

Sabe quando você tem vontade de não desperdiças suas metáforas num texto, a princípio, despretensioso?
Pra quê pretensões?
Pra quê metáforas?
Pra quê texto?

Sabe quando você não sabe, mas o faz?
Eu fiz e não sabia.
Soube agora.
Gostei e não.

Sabe quando a certeza sobre si se destrói a cada dez minutos andando?
É fogo que arde se se ver.
É nada mais que tudo que você tentou resolver. E o fez ao contrário.

Sabe aquela sensação de que aquilo se acabou tem em si um quê de "mas, e se"?
Tem horas que eu não sei se é feito, se é surgido ou se é fingido.

Sabe a idiotice que lhe toma nos momentos de encontro?
E a estranha naturalidade enlatada que a acompanha depois?

EU POSSO DIZER ASSIM, EM GARRAFAIS, QUE EU NÃO SEI.
Até onde estou apenas criando uma cortina de fumaça que me esconda de uma possível verdade, não sei...
Até quando eu ainda precisarei pensar em parar de pensar, não sei...
Até quando isso vai atrasar meus movimentos e meu instinto...
Até quando isso vai durar, até quando vou me ocupar dessa joça toda...

E a verdade? Está no momento, na razão, nos filmes que queremos indicar e que mostram o contrário e o correto de toda nossa vontade?
Está num dia inteiro de raciocínios e lembranças ou numa frase que você ouviu de alguém que te viu três vezes?

E o amor, onde buscar? Quem vai estar lá pra te entregar, ou pra se entregar?
E a felicidade, foi-se embora?
E a tristeza, tem fim?
E o romantismo, que a vida esmaga a cada dia?
E o lirismo, que dá lugar a resmungos existencias?
E as perguntas, um dia eu vou conseguir respondê-las?
Did she get her ticket to ride? Does she care?
E as escolhas? Quando elas se tornarão mais naturais?
E as músicas, serão, um dia, sem dedicatória? Sem sentido?

Ainda bem que eu sei escrever. Pelo menos isso.
Se não sobesse, iria pra onde? Pro sanatório, com uma camisa de força, ou pro meio da rua, com um megafone?
Mas, eu sei. Menos uma a pensar.
Mas, eu sou rápido. Já pensei. E já escrevi.
Acho que escolheria o sanatório... Lá, eu arranjava um megafone.

Quando eu vou poder parar e olhar ao redor sem me preocupar?

Hoje, eu só ia escrever um pouco. Mal sabia eu.