terça-feira, 24 de outubro de 2006

Outras coisas que me ocorrem

Assim como no blog da Gabi, isso aqui tá a cara de um diário. Mas publicável, de certa forma. Preservando o anonimato. Quem não gostou do anonimato foi a Raquel e a Kátila (blogueiras) e a Tania (cafeinólatra). Fazer o quê? Uma hora vaza; e daí vai fazer que nem uma represa: vai rachando e jorrando tudo o que ficou estancado, por segurança...
Acabei de escrever um texto no estilo do anterior, embora com uma poesia no meio. É, como diria o Kaiser, a "pegada" do momento.
Basta de nomes!
Aí vai!


Mensagem na garrafa (24/10/2006)

Lucas do Carmo Lima

A esperança se parece com uma semente que jogamos ao chão. Se floresce, eu nem preciso comentar (ou não posso). Se não, esperamos até que um passarinho mais esperto que a gente venha e recolha a semente.

Estou a ponto de explodir. Minhas teorias já não fazem mais sentido, não sei se raiva apaga o resto. Não consigo mais entender a situação baseado apenas no que eu, enquanto ilha quadrada, posso inferir. Não mais. Não dessa forma.

Se estou assim, à deriva... Deriva... Deriva... Viajando ao sabor da irresponsabilidade, do lirismo e da paixão. Deve ser isso.

Uma mensagem numa garrafa... É esse o nível de previsibilidade que eu tenho! Destino incerto, recepção incerta, receptor incerto, reação incerta... Até a mensagem é incerta. Certa, só a garrafa.

É uma das primeiras vezes que a palavra “paixão” aparece nos meus textos. Pelo menos no contexto em que ocorre da forma mais cruel. Não gosto de escrevê-la... É muito chavônica, soa como música de corno. Sinto-me quase um corno. Só falta o cornoamento em si. De resto, a solidão está aí, a música está aí...
Um poema sem seu nome (24/10/2006)

Lucas do Carmo Lima

Pena não conhecê-la a ponto de abordá-la.
Pena não inebriá-la a ponto de possuí-la.
Pena não abraçá-la a ponto de beijá-la.
Pena não surpreendê-la a ponto de seduzí-la.
Pena não acariciá-la a ponto de tocá-la.
Pena não encantá-la a ponto de cativá-la.
Pena eu não ser o que queria.
Pena eu não fazer o que pretendia.
Pena eu não apreender o que precisaria.
Pena. A última coisa que preciso.
A única que possuo.
A única que desprezo.
Que pena.

Já diziam os antigos...

"Não se vive dentro da felicidade. A felicidade é um jardim que quase sempre atravessamos distraídos. Mais tarde ele vem-nos à memória e isso traz-nos um sorriso aos lábios. A lembrança de um jardim não é um jardim, mas cheira bem." Faíza Hayat, escritora

"Beyond your flowers of flaming truth" Cake, Frank Sinatra

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Coisas que me ocorrem

Eu estive aqui, com meus botões, a pensar sobre a chuva. Bela chuva caiu hoje. Bonita mesmo! Juro que pensei em escrever algo sobre a chuva, a beleza, a beleza da chuva, alguma coisa legal. Alguma coisa a se comentar. Não me veio nada à cabeça.
Resolvi que vou postar isso aqui. Na verdade, já postei. Não: posto agora!
Textinho pós-Semana, nada bobo. Ou bastante. E junto ao texto, ou depois dele, uma frase de uma música (em inglês, já que eu não me atreveria a traduzir dizeres tão poéticos e expressivos em sua língua original).
É. (inspirado em: Morel, 2006. A Frase de Impacto. ©O Mundo das Idéias, todos os direitos reservados)

Pensando Alto (23/09/2006)

Lucas do Carmo Lima

Esqueci a bela frase que queria escrever. Eu lembrei dela ontem. Eu a fiz ontem. Hoje, nem sombra. Era uma frase que diria do sofrer sem sentido, da vida sem sentido, do falar sem sentido. Era mesmo uma boa frase. Mas se foi.

E que sentido teria lembrá-la? Nenhum?

E com a frase, foi um dos momentos mais interessantes até agora. Foi embora. Dos momentos que nos apunhalam, que dói até agora. De frente. Fatal. Não sou eu primeiro, nem foi a primeira vez, não foi nada. Nada inofensivo. D’onde saiu? Pr’onde vai? Como, quando... Quando...

Tenho um pouco de medo. De estar fazendo algo terrível, que machuca. Não merece, definitivamente. Mas eu não sei o que fazer. De novo, mais uma vez. Tudo gira em torno disso. Não sei se sou comum, o que acham de mim. Mas não sei nem se isso é importante... Não, isso eu sei. Sei que sim.

Conhecer pessoas é fascinante. Os contrastes, como as pessoas são diferentes... Idiossincráticas, únicas, impasteurizáveis, individuais, enigmáticas. Como as pessoas surpreendem. Frustram. Pessoas são macrocósmicas, assombrosas.

Pois é, a gente ouve as coisas pela metade e quanto mais pela metade mais insiste em ficar. Ouvi muitas coisas pela metade nesses tempos. Mas só uma até agora está rendendo. Pode ser tudo o que eu queria ouvir, que pode ser bom ou ruim. Mas pode ser tudo o que eu não queria ouvir, o que é ruim. Aliás, há algum tempo eu precisava ouvir uma coisa dessas; tem coisas que eu já estou carregando comigo faz um tempo.

Coisas que eu não entendo. Mesmo assim eu não consigo. Eu queria chorar mas não posso. Não sei como. Não sei nada.

Sinto ser tudo o que eu não quero e reprovo: falso. Na maioria do tempo. Não que eu pense e assim faça. Apenas sai, sem censura. É como o caminho mais curto.

Não consigo conversar com quem eu quero. Não tem papo. Não consigo desenrolar. Não dá. Por que quando a gente mais quer a gente não conversa? O que será isso? Quando a gente... Esqueci.

Cão que late não morde. É uma frase que eu venho pensando. Eu nunca acreditei muito nessa frase. Experimenta dar a mão prum cão latindo! Ou ele fica sem saber o que fazer – eu – ou morde. Preciso aprender a morder. E a avançar.

Continua doendo. E eu já senti essa dor antes. Igual, mas não a mesma. E eu também já ouvi o que não queria. Aliás, muita coisa que eu não queria. Mas é melhor saber o que não se quer saber que não saber o que se quer saber. Mas será que é melhor saber o que não se quer ou não saber o que se quer?

Fracasso. A última palavra que me veio à cabeça.

Não sei quem está lendo. Mas, se estiver sendo lido, deixo um aviso. É: este texto não foi feito pra fazer sentido. Na verdade, nem era pra existir, se eu fosse realmente uma pessoa sensata. É duro jogar um jogo sem saber as regras.

Penso alto. Nos diversos sentidos possíveis. Mas só há um sentido para a realidade: para baixo. Não gosto de ser pessimista, mas nada há que consiga nesse instante trazer de volta, de algum lugar, meu otimismo, minha felicidade. Enquanto isso, queimo minha esperança. Palavras bonitas que não têm o peso que carregam.

Fico sem reação. Toda vez. Não acerto uma dentro. Eu penso rápido demais pra conseguir pensar alguma coisa inteligente. Alguma coisa bonita. Alguma coisa. A faca e o queijo na mão, assim, bonitinho, e nada. Sou um incompetente. Lembrei-me novamente de fracasso.

O que não faz um belo reforço. Reforçadores profissionais... Isso deve existir. Por brincadeira, esporte ou algum experimento anti-ético, desumano, frio e estatístico, de sujeito único – digo um por vez – ou talvez não. Senti-me sujeito por um instante. Mas eu quero muito estar errado.

Frustração e fracasso devem rimar se eu disser as duas ao contrário.

Não sei. Tenho não sabido de muitas coisas.

Está doendo menos, o que também não sei se é bom ou ruim. Sinto-me um molequinho do jardim de infância, visitando a vida adulta sem compromisso. Odeio tomar decisões, mas é o que eu preciso fazer.

Texto “rançoso” e ruim. Não sei como se escreve “rançoso”. O Word me corrigiu.

Acho que vou passear hoje à noite. Tenho a dádiva divina do automóvel à minha disposição. Estou melhor. Vou ver se faço algo. Gosto de dirigir à noite, pôr um som e relaxar. É isso que eu preciso: relaxar. Vou ver se faço algo hoje à noite.

Já diziam os antigos...
"All I want is someone I can´t resist." Aerosmith, Cryin' (Perry/Tyler/Rhodes).

domingo, 8 de outubro de 2006

Singelo, minha cara...

Mesmo o Blogspot.com não querendo que eu faça a postagem, eu o farei.
Este texto é pra você, uma boa amiga, e é isso que importa. Foda-se se ele é meio bobinho.
Merece. E é isso.

A águia é a única ave que chega a viver 70 anos. Mas para isso acontecer, por volta dos 40, ela precisa tomar uma séria e difícil decisão.
Nessa idade, suas unhas estão compridas e flexíveis. Não conseguem mais agarrar as presas das quais se alimenta. Seu bico, alongado e pontiagudo, curva-se. As asas, envelhecidas e pesadas em função da espessura das penas, apontam contra o peito. Voar já é difícil.
Nesse momento crucial de sua vida a águia tem duas alternativas: não fazer nada e morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que se estenderá por 150 dias.
A nossa águia decidiu enfrentar o desafio. Ela voa para o alto de uma montanha e recolhe-se em um ninho próximo a um paredão, onde não precisará voar. Aí, ela começa a bater com o bico na rocha até conseguir arrancá-lo. Depois, a águia espera nascer um novo bico, com o qual vai arrancar as velhas unhas. Quando as novas unhas começarem a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. Só após cinco meses ela pode sair para o vôo de renovação e viver mais 30 anos.

Já diziam os antigos...
"Aqueles que nunca sofreram não sabem nada; não conhecem nem os bens nem os males; ignoram os homens; ignoram-se a si próprios." François Fénelon, escritor