domingo, 31 de agosto de 2008

Pensei, refleti e dispersei...

Como sempre, voltando e demorando a voltar de novo...
Um texto e duas tentativas devidamente frustradas.
Juro que estou tentando lutar contra minha dependência de advérbios de modo. Um tanto em vão, é verdade...
Sugestão: leia primeiro as tentativas, depois volte e leia o texto. Não que haja algum mistério da libélula ou cálice sagrado nas entrelinhas desta idéia. Só porque o texto é melhorzinho, hehe...
Até mais!

31/08/2008
Lucas do Carmo Lima

Começo falando do céu, que está azul e limpo, do sol, quente e ofuscante, e da brisa, controversamente fria e delicada. O dia está delicado.
Diálogos delicados cortam o ar, como se não tivessem mais nada a fazer além de, simplesmente, transportar mensagens cifradas na distância das bocas e das vozes.
Cheias de sentido e um pouco discretas. Codificam sentimentos em línguas que não existem e não evidenciam a mensagem. Talvez esse próprio código seja expressão de um sentimento: o sentimento de ser entendido sem as palavras. A forma mais delicada de dizer algo para o qual não há palavras, mas jeitos... Jeitos não toleram a distância.
O tempo, hoje, não diz nada demais: apenas que está frio se você não sair no sol e quente se você se esconder da brisa.
O dia ficou silenciosamente delicado. Dá pra ouvir os barulhos do silêncio: o canto de um pássaro, um ônibus que pára, pessoas que conversam, a mão que percorre a pele e o ar que entra e sai pelas narinas. O silêncio parece interessante: os barulhos que não se ouve na correria aqui estão, gritantes, na quietude das coisas.
Uma lágrima corre no rosto da moça que ri. Um arrepio corre pela espinha. Passa a borboleta pela janela.
Quantos há nas janelas que eu vejo? Quantos se olham por detrás dos vidros e buracos planejados nas paredes? Só posso saber se me olho, e sei que sim.
Mas quantos desses perdidos se encontram olhando para a mesma tarde silenciosa? Quantos ouviram a bicicleta que passou lá embaixo, na rua?
Quantos dizem ouvir as estrelas assim como podemos ouvir os corações... O vento parece um suspiro e a noite, um fechar de olhos... Só reparei assim, na calmaria, que as cordas do violão estão se gastando. E que quase mordi a língua. Quiçá, em algum lugar do meu quarto, eu ache a poesia que eu prometi. Com essa calma, queria eu achar tudo o que perdi e ainda é meu.
Mas os corações estão limpos, o chão, quente, e a pele, um pouco fria. O dia ainda está silenciosamente delicado. Ainda é dia.
_ _ _

Pretendo um lirismo que nem parece erudito. Ocorreu-me que pode ser apenas uma tentativa frustrada de parecer um bom texto. No mesmo momento, esqueço isso; agora, vou apenas ser isto aqui e agora: texto.
Qual a mensagem que lhe passo, daqui até aí, a partir destes caracteres? Pois é! O que está escrito, diria eu, impaciente pela pergunta idiota. Mas, indo um pouco mais além, o que está por trás destes caracteres? Hm, sim, o papel - mas, e falando de modo abstrato, o que jaz por detrás do texto? O pensamento do escritor? A vontade divina? A madeira da escrivaninha?

Ah, é verdade, já falei sobre isso antes. Então, vamos viajar pra outros lados.
_ _ _

Que mensagem é essa que vem do sol, do céu, da brisa? Que mensagem passam os astros, a lua, os cometas, as folhas que caem? E o pé esquerdo com o qual se levanta, qual é a dele?
O número 23 em toda parte, o bater na madeira com o nó dos dedos, a criança que caiu de bicicleta?
Acho que já deu pra entender a... a... a...

Desculpem, me distraí com a criança. Perdi o fio da meada.

Bem, etecétera.
Já diziam os antigos...

"A serenidade é apenas a casca da árvore da sabedoria, mas, não obstante, serve para essa perseverar." Confúcio, sábio chinês