terça-feira, 25 de setembro de 2007

Olá! Tudo bem? Como vai?

Leia o título mais uma vez.
Leia de novo, agora mais rápido.
Leia três vezes, nessa velocidade.
Pronto, você acabou de imitar Joseph Klimber!

Tolices à parte, aqui estou eu de novo. E vamos que vamos.
Como não me lembro de ter escrito nada bom e publicável nesse meio-tempo - além do textinho do Sarau, que segue nesta postagem - vai um texto muito meiguinho (^^, carinhas de japonês, quem diria...) de uma amiga em segundo grau (hehe, amiga de amiga, oras...) que, aliás, foi muito bem recomendada. O seu blog, "A Toca do Texugo", é muito bom e o endereço é http://www.atocatxg.blogger.com.br/. Até me inspirou a botar um nome mais poético, mas me deu preguiça. Lembrei de Macunaíma...
Infelizmente, não tenho nenhum tipo de autorização pra fazer essa divulgação. Acabei de comunicar. Se este texto for censurado um dia, é sabido publicamente o motivo.

Aliás, o texto d'A Toca é muito bom! Dona Lia, a mãe do dito cujo, caprichou na figura. Só não caprichou na hora de comentar, hehe, porque machuca quando eu leio "auto-ajuda" sobre esse texto. Bom, se isso é auto-ajuda, imagino o que seriam "os grandes clássicos" do blog. Etc.

A citação nesse recomeço no blog é um poeminha, que só é citação porque é pequenininho. Mas é digno de postagens. Autora interessante, até surpreendente.

Aí vai! Até!

E aos novatos visitadores (se houver): sejam bem-vindos! E comentem!


Abertura

Para o 3º Sarau da Psico, sem palavras, do dia 14 de setembro de 2007.

Lucas do Carmo Lima

"Raramente conhecemos alguém de bom senso, além daqueles que concordam conosco."
François La Rochefoucauld, escritor

Eu não busco a unanimidade, porque viver sem discutir não tem graça. Nem busco terminar tudo o que comecei, pois, depois do primeiro arranhão, estaria condenado a rasgar-me ao meio. Esta miúda parcela de minha tentativa – e erro, várias vezes – parece buscar algo que está fora deste papel antiecológico que está na sua frente. Parece buscar você, que está lendo, e que poderia viver tranqüilamente sem ter vindo, parado e lido isto aqui. Parece buscar porque, no momento em que foi escrito, isso aqui já não mais pertence a mim; agora, essas linhas todas ganharam a liberdade de ser o que é compreendido, de atingir sem objetivo. A palavra virou vírus... Já não respeita mais nada além de sua própria propagação. Não há como segurar essas palavras. Agora, elas estão passando por dentro de você e deixando alguma coisa, nem que seja a vontade legítima de parar de ler. Dessa forma, ao ler tudo isto, eu mesmo me provoco, me desafio a fazer coisas, sentir coisas e pensar coisas. Mas eu não provoco ninguém ao escrever. Eu escrevi o texto, mas não o possuo. É um filho que se cria para o mundo; se ele lhe arrepia até a espinha, não é meu problema. É um filho que nasceu grande.

Estas palavras também não têm fim; são como avalanches, que não pedem desculpas, não têm pretensões e nada sentem pelas árvores que arrancaram. E, como eu e você, têm seu fim fora delas. As avalanches só param quando a montanha acaba.




Destreza

Lia, "A Toca do Texugo"

Às vezes eu penso que a vida é como uma antiga caixa de música que já não funciona mais. Uma linda e empoeirada caixinha de música que já perdeu sua melodia, mas conserva sua beleza e seus detalhes. Olhando de longe, apenas uma caixa qualquer, mas se você chega ali perto, dá uma olhada no fecho enferrujado e toca as reentrâncias trabalhadas há tempos, por um instante começar a amar aquela peça.

Você pode deixá-la ali, ou abri-la. Quando optar pela segunda, achará nada mais que centenas de linhas e fios. Todas as cores e tamanhos, espessuras e comprimentos ali entrelaçados, embaraçados. Milhares de nós naquele emaranhado sem fim dentro de uma simples caixinha. Um mundo de problemas, soluções e sorrisos simplesmente confinados pela velha fechadura que você acabou de abrir.

Então você começa a desembaraçar os nós, e quando pensa que já viu todas as cores, ali no meio acha um azul-esverdeado lindo que você ainda não tinha enxergado, aqui e ali fios de textura cada vez mais diferentes vão se revelando.

Assim, você é dona de si, faz o que bem entender com aqueles fios, sabendo que se puxar muito mais forte vai arrebentá-los, mas que se deixá-los ali, eles perecerão. Daqui a pouco você encontra um nó que não pode desatar, por mais que tente, morda, esperneie ele não cede, e você passa a desatar outros, porque apesar dele, ainda muitas coisas precisam ser resolvidas. Apesar de você não ter o poder de desatá-lo, você pode atar outros fios da maneira que bem entender, e formar novos emaranhados, ou tornar as coisas simples e desembaraçadas, na medida do possível. São suas escolhas.

Depois de você mexer ali por muito tempo, encontra lá no fundo a bailarina que costumava dançar na caixinha. Que se colocava de pé e rodopiava divinamente, mas foi sufocada pelas fitas e linhas. Esse é seu coração. Coloque-o acima de todas as fitas, para que estas sejam o seu ninho, e ele seja livre e respire.

A caixa pode não ter mais música, pode estar empoeirada e ter infinitos nós dentro, mas é linda, de uma beleza inestimável. É a sua vida. Ame-a com todas as suas forças, e se empenhe em desvendá-la a cada dia, a cada nó, a cada cor, a cada textura.

A caixa está à sua frente, o que você vai fazer? Deixá-la trancafiada ou abri-la? A escolha é sua, e somente sua.


Já diziam os antigos...

Moldura

Particularmente,
não há dificuldade
(ou desespero)
em não ter asas.
Mas em tê-las
e não poder voar.

Ana Lucia Cortegoso, psicóloga e poetisa.