sábado, 8 de março de 2008

Worst-seller

Faz tempo que eu não escrevo uma bobagem neste blog, então resolvi escrever hoje.

De relance, me ocorreu uma idéia idiota: por quê auto-ajuda não funciona? Oras, um manual posivito e objetivo sobre o que, quando e como se fazer para se viver melhor deveria, ao menos, diante de tantas quebras de recorde de vendas, ter melhorado um pouco a vida das pessoas. As pessoas têm cada vez mais problemas com seus filhos, seus pais, seus colegas de trabalho, seus cônjuges, terapeutas e instrutores de yoga (ou yôga, para os que acham que flor é diferente de flôr). Acho que isso não quer dizer que discutir a relação com um incenso aceso, uma estátua de Buda virada pra Meca e um pé atrás da cabeça entoando um "om" mentalmente tem surtido algum efeito interessante.

Dessa forma, achei que seria uma coisa bem legal escrever livro de auto-enrosco. Se os bons exemplos não estão sendo seguidos, talvez alguns maus exemplos sejam completamente evitados. Isso, quem sabe, pode ajudar a vida de alguns sujeitos.

Tenho alguns tópicos a serem vistos. São idéias sobre assuntos a serem abordados, talvez por séries inteiras de livros ou apenas por uma crônica malfeita por alguém e creditada ao pobre Luis Fernando Veríssimo, que cada vez mais tem de desmentir sobre sua vastíssima obra escrita por estranhos, sem qualidade ou consentimento - um verdadeiro anti-ghostwriter. Bem, aqui vão:

1. Discuta com seu(ua) parceiro(a) sob o efeito do álcool. Além de mais liberdade para expressar tudo o que lhe vier à cabeça (tudo mesmo), você pode, numa discussão sóbria posterior, usar o álcool como bode expiatório ("Pô, me dá uma chance de explicar, eu tava bêbado!").

2. Fique com quem lhe judia. Nada melhor do que uma reconciliação - uma a cada dez minutos.

3. Não ouça seus pais. Comece bem e pare de conversar com eles "aos 13" (como no filme), porque você já beijou, transou, bebeu, fumou, vomitou e comprou celular sozinho(a), e isto o(a) torna perfeitamente habilitado(a) a tomar conta de sua vida apenas com os conselhos dos carísimos amigos que o(a) introduziram nessa roubad... - ou melhor, estilo de vida livre e cheio de prazeres!

4. Bebo porque é líquido; se sólido fosse, fumá-lo-ia, engoli-lo-ia ou cheirá-lo-ia. Recentes pesquisas realizadas nos Estados Unidos com as mais avançadas técnicas da neurociência dizem que os neurônios, ao contrário do que seus pais lhe dizem (a-ha!, não se esqueça da premissa número 3), continuam se multiplicando durante a vida. Aproveite e gaste-as antes que uma outra pesquisa - mais recente, realizada nos Estados Unidos com técnicas mais avançadas - diga que é possível que seus neurônios não se multipliquem tanto assim e, abalados por essa terrível notícia sobre eles mesmos, seus neurônios (ou os remanescentes deles) resolvam parar de se multiplicar.

5. Não ouça seus filhos. Com oito anos, eles já devem aprender a se virar sozinhos. Além do mais, com treze eles já serão adultos responsáveis e auto-suficientes, têm que começar a praticar bem cedo! Se tudo isso ainda não te convence, lembre-se da conta do terapeuta (que eles mesmos acharam no caderninho do convênio médico) e reflita sobre o seguinte: pra quê eu, um pai inexperiente e ocupadíssimo com meu happy-hour, vou ouvir meu filho, se pago alguém com 20 anos de experiência para fazer exatamente a mesma coisa?! E, ainda por cima, longe de casa!! Sem gritaria!!

6. Ética é para fracos. Os grandes gurus empresariais cresceram - ao menos na sua cabeça - com muita bajulação, puxada de tapete, suborno e essas coisas que só são feias quando alguém descobre... Hierarquia é uma escada que se sobe pisando nas cabeças dos que ficam pra trás! Ética não gela minha cerveja lá em casa, nem põe amendoim no prato! E você é bem família, tem dois filhos no terapeuta pra sustentar e isso não é brincadeira!

7. Viva (muito) intensamente. Faça da vida uma chama sobre um rastilho de pólvora! Aproveite de tudo que há pra fazer - não há tempo de pensar em qualidade e essas coisas para fracos (vide premissa número 6).

Consigo chegar até aqui, e acho que já e um bom ponto para parar. Deu pra me repetir algumas vezes, mas até que não é lá grande crime.

Espero que dê pra pensar um pouco a respeito desta coletânea. Quem sabe, um dia, copiem essa idéia e, muito originalmente, lancem um livro sobre o que não se fazer se você quer poder melhorar um pouco na vida. Sei que progredir não é bem o forte da humanidade, mas dá pra pegar uma coisinha aqui e outra ali e tentar pensar um pouquinho só.

Já diziam os antigos...

"A vida é uma criança que é preciso embalar até que adormeça." François-Marie Arouet, o Voltaire, iluminista