terça-feira, 13 de setembro de 2005

Opinião

Vocês podem até estranhar tão diminuta postagem, mas é de interesse vital para esse blog. Sem brincadeiras, gostaria de saber de quem quer que seja (os amigos, o padeiro, o Barba) o que está achando de toda essa mistura de temas, e disso em relação à proposta inicial do blog (vejam as primeiras postagens). Eu quero toda a sinceridade possível: está gostando ou não, é um lixo ou é bom, o modelo é legal, aborda temas interessantes, etc., ou seja, tudo que englobe o blog num panorama geral.
Mesmo que nada mude, ninguém mais visite e eu fique um Dom Quixote doidão postando pros moinhos de vento, é importante pra mim, Lucas, que eu saiba como vocês vêem esse blog.
Obrigado, e cooperem, por favor.

domingo, 4 de setembro de 2005

Esquenta o mármore!!!

Depois de entupirem a caixa de e-mails com milhares de milhares de milhares de pedidos, e nos mandarem centenas de dezenas de unidades de cartas, o blog será atualizado.
Fiquem tranqüilos, fãs! Não entraremos em greve!
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:: Psicologia

Sociedade em Miniatura

Filas longas cansam mas têm sua utilidade: podem até ser palco para estudos de comportamento.

Por Juliana Tiraboschi (
jtiraboschi@edglobo.com.br)

Quem nunca se irritou ao esperar sua vez em uma fila demorada que atire a primeira pedra. Aparentemente um acontecimento tão banal do dia-a-dia de qualquer pessoa, as filas podem ser usadas como objeto de estudo para ajudar a entender diversos aspectos do funcionamento da sociedade, como valores e questões como agressividade e noções de justiça. É o que vem fazendo há mais de dois anos o psicólogo Fábio Iglesias, pesquisador da Universidade de Brasília.

Diversos estudos foram realizados em Brasília pelo psicólogo para identificar a percepção dos entrevistados em relação à sua posição nas filas, ao tempo de espera, e o que as pessoas pensam de quem fura a fila. Os resultados são curiosos. A maioria das pessoas que estão nas primeiras posições da fila exagera na quantidade de pessoas à sua frente. Uma pessoa que está em 20º lugar, por exemplo, pode achar que tem 50 na sua frente. “Isso pode ser um mecanismo psicológico para justificar uma demora no atendimento”, explica Iglesias. Já os que estão mais atrás costumam pensar que há menos gente na sua frente do que na realidade. Mais uma vez seria um mecanismo de compensação, uma forma de reduzir a ansiedade. “Outra descoberta foi que, independente da posição em que está na fila, todo mundo exagera na hora de responder qual foi o tempo de espera”, revela Iglesias. Alguns chegam a relatar uma espera de 5 minutos como se fosse de 20. Isso porque como a espera é sempre desagradável, as pessoas tendem a ser pessimistas. As pessoas acreditam que a fila é perda de tempo, monótona, e o exagero é uma forma de expressar o desconforto.

::Sem protestos
A terceira principal constatação é que pouquíssimas pessoas intervêm quando alguém fura a fila. Em um de seus estudos, Iglesias reuniu alguns alunos para bancarem o papel de “fura-filas”, e filmou a reação das pessoas. O resultado: 63% simplesmente não reagiram, 25% tiveram uma reação indireta, ou seja, olharam feio para o transgressor ou fizeram algum comentário com o vizinho de fila, e apenas 12% reagiram diretamente, falando com o furão e apontando onde era o início da fila. Iglesias acredita que esse tipo de comportamento seja um reflexo de uma cultura coletivista: “a pessoa pensa que, se ninguém mais está reclamando, ela também não deve dizer nada, ficam constrangidas em protestar”, conta. (Ver, a propósito, “Magnetismo da imitação” da edição 168) Além disso, muita gente alega fazer vista grossa para um furão porque de vez em quando também age da mesma forma. O pesquisador acredita que as filas podem ser laboratórios naturais, partindo da premissa de que são organizações sociais dotadas de normas, papéis e valores diferenciados. Ele também defende a padronização de situações de estudo para que os resultados possam ser comparados com outras cidades e até com outros países. Pense nisso quando tiver que enfrentar uma fila quilométrica.

::Unidos até nas filas
O psicólogo Fábio Iglesias propõe que o estudo das filas possa ser usado como instrumento prático para analisar valores culturais em um eixo que vai do individualismo ao coletivismo. Se alguém perguntar a um americano quem ele é, provavelmente irá contar seu nome, profissão e gostos pessoais. “Se fizer a mesma pergunta a um brasileiro, há mais chances de que ele diga a qual família pertence, de qual religião é adepto ou para qual time de futebol torce”, diz Iglesias. Ou seja, o brasileiro costuma identificar-se mais com grupos. Em uma cultura mais individualista, como a americana, as pessoas tendem a ser mais autônomas, e espera-se que reclamem mais quando alguém fura fila porque o outro está invadindo seu espaço. Já no Brasil os indivíduos precisam mais do grupo para guiar suas atitudes. Quando vêem um “furão”, provavelmente vão reparar nas atitudes dos companheiros antes de dizer qualquer coisa.
FONTE: Revista Galileu (antiga Globo Ciência), de agosto de 2005.
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Já diziam os antigos...
"A ingenuidade é uma força que os astutos fazem mal em desprezar." Arturo Graf