Minha poesia dorme (20/05/2009)
Minha poesia dorme
Na sacada de um apartamento perdido,
Aonde o mundo virou cambalhotas
E as memórias são de açúcar.
Minha poesia repousa, tranqüila,
Recostada na porta de um carro,
No frio, no sereno, na alegria
De um instante mais que desejado.
Essa sonolenta poesia ronrona
Em cima da minha escrivaninha,
Entre um papel e uma música,
Mensageiros de um sonho.
Pôs-se a olhar numa janela
Que não tem, por trás, paisagem
E, ali mesmo, se aconchegou.
Minha tão sagrada poesia está cansada
– poesia também se gasta!
A poesia precisa, mais que sossego,
De paz pra se exercitar.
Que ainda há de encontrar guarida...
Mas, por enquanto, convalesce, sozinha,
Pra sua recobrar sua força e brilho.
Descansa em mim, poesia sofrida,
Pra voltar, revivida!
E nada, então, terás de vã, vil ou vacilante!
Voltarás valente e sã, poesia minha...