segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Coisas que me ocorrem

Eu estive aqui, com meus botões, a pensar sobre a chuva. Bela chuva caiu hoje. Bonita mesmo! Juro que pensei em escrever algo sobre a chuva, a beleza, a beleza da chuva, alguma coisa legal. Alguma coisa a se comentar. Não me veio nada à cabeça.
Resolvi que vou postar isso aqui. Na verdade, já postei. Não: posto agora!
Textinho pós-Semana, nada bobo. Ou bastante. E junto ao texto, ou depois dele, uma frase de uma música (em inglês, já que eu não me atreveria a traduzir dizeres tão poéticos e expressivos em sua língua original).
É. (inspirado em: Morel, 2006. A Frase de Impacto. ©O Mundo das Idéias, todos os direitos reservados)

Pensando Alto (23/09/2006)

Lucas do Carmo Lima

Esqueci a bela frase que queria escrever. Eu lembrei dela ontem. Eu a fiz ontem. Hoje, nem sombra. Era uma frase que diria do sofrer sem sentido, da vida sem sentido, do falar sem sentido. Era mesmo uma boa frase. Mas se foi.

E que sentido teria lembrá-la? Nenhum?

E com a frase, foi um dos momentos mais interessantes até agora. Foi embora. Dos momentos que nos apunhalam, que dói até agora. De frente. Fatal. Não sou eu primeiro, nem foi a primeira vez, não foi nada. Nada inofensivo. D’onde saiu? Pr’onde vai? Como, quando... Quando...

Tenho um pouco de medo. De estar fazendo algo terrível, que machuca. Não merece, definitivamente. Mas eu não sei o que fazer. De novo, mais uma vez. Tudo gira em torno disso. Não sei se sou comum, o que acham de mim. Mas não sei nem se isso é importante... Não, isso eu sei. Sei que sim.

Conhecer pessoas é fascinante. Os contrastes, como as pessoas são diferentes... Idiossincráticas, únicas, impasteurizáveis, individuais, enigmáticas. Como as pessoas surpreendem. Frustram. Pessoas são macrocósmicas, assombrosas.

Pois é, a gente ouve as coisas pela metade e quanto mais pela metade mais insiste em ficar. Ouvi muitas coisas pela metade nesses tempos. Mas só uma até agora está rendendo. Pode ser tudo o que eu queria ouvir, que pode ser bom ou ruim. Mas pode ser tudo o que eu não queria ouvir, o que é ruim. Aliás, há algum tempo eu precisava ouvir uma coisa dessas; tem coisas que eu já estou carregando comigo faz um tempo.

Coisas que eu não entendo. Mesmo assim eu não consigo. Eu queria chorar mas não posso. Não sei como. Não sei nada.

Sinto ser tudo o que eu não quero e reprovo: falso. Na maioria do tempo. Não que eu pense e assim faça. Apenas sai, sem censura. É como o caminho mais curto.

Não consigo conversar com quem eu quero. Não tem papo. Não consigo desenrolar. Não dá. Por que quando a gente mais quer a gente não conversa? O que será isso? Quando a gente... Esqueci.

Cão que late não morde. É uma frase que eu venho pensando. Eu nunca acreditei muito nessa frase. Experimenta dar a mão prum cão latindo! Ou ele fica sem saber o que fazer – eu – ou morde. Preciso aprender a morder. E a avançar.

Continua doendo. E eu já senti essa dor antes. Igual, mas não a mesma. E eu também já ouvi o que não queria. Aliás, muita coisa que eu não queria. Mas é melhor saber o que não se quer saber que não saber o que se quer saber. Mas será que é melhor saber o que não se quer ou não saber o que se quer?

Fracasso. A última palavra que me veio à cabeça.

Não sei quem está lendo. Mas, se estiver sendo lido, deixo um aviso. É: este texto não foi feito pra fazer sentido. Na verdade, nem era pra existir, se eu fosse realmente uma pessoa sensata. É duro jogar um jogo sem saber as regras.

Penso alto. Nos diversos sentidos possíveis. Mas só há um sentido para a realidade: para baixo. Não gosto de ser pessimista, mas nada há que consiga nesse instante trazer de volta, de algum lugar, meu otimismo, minha felicidade. Enquanto isso, queimo minha esperança. Palavras bonitas que não têm o peso que carregam.

Fico sem reação. Toda vez. Não acerto uma dentro. Eu penso rápido demais pra conseguir pensar alguma coisa inteligente. Alguma coisa bonita. Alguma coisa. A faca e o queijo na mão, assim, bonitinho, e nada. Sou um incompetente. Lembrei-me novamente de fracasso.

O que não faz um belo reforço. Reforçadores profissionais... Isso deve existir. Por brincadeira, esporte ou algum experimento anti-ético, desumano, frio e estatístico, de sujeito único – digo um por vez – ou talvez não. Senti-me sujeito por um instante. Mas eu quero muito estar errado.

Frustração e fracasso devem rimar se eu disser as duas ao contrário.

Não sei. Tenho não sabido de muitas coisas.

Está doendo menos, o que também não sei se é bom ou ruim. Sinto-me um molequinho do jardim de infância, visitando a vida adulta sem compromisso. Odeio tomar decisões, mas é o que eu preciso fazer.

Texto “rançoso” e ruim. Não sei como se escreve “rançoso”. O Word me corrigiu.

Acho que vou passear hoje à noite. Tenho a dádiva divina do automóvel à minha disposição. Estou melhor. Vou ver se faço algo. Gosto de dirigir à noite, pôr um som e relaxar. É isso que eu preciso: relaxar. Vou ver se faço algo hoje à noite.

Já diziam os antigos...
"All I want is someone I can´t resist." Aerosmith, Cryin' (Perry/Tyler/Rhodes).

2 comentários:

Anônimo disse...

A sua dor também doeu... A minha é de cansaço... Muita coisa está mudando e eu não sei bem o que fazer com tanta coisa em minhas mãos... A vida é mesmo engraçada (des-graçada?)... Não... De qualquer forma, vale a pena (só pra rimar, a dor também vale o poema)... Quanto vale o poema eu tb não sei.
Meu caro, somos todos crianças, e nem sequer sabemos disso. Nem sequer podemos dizer se é bom ou ruim...
Depois de muito pensar, eu só cheguei a uma conclusão: tudo que me mantém é a crença... A crença no aprendizado, a crença numa vida futura, a crença no amor e nas pessoas, a crença na criança que há dentro de nós (porque no fim das contas é só isso que vale a pena mesmo). Neste momento, eu queria conversar com você cara a cara. Acho que também preciso olhar mais dentro das pessoas e deixar que elas vejam dentro de mim.
Não sei se esse meu comentário serve pra alguma coisa. Mas eu realmente gostaria de dizer: se eu não posso dizer que eu te entendo, ao menos sei que ninguém está só.
É isso, querido...
E vamos ver se essa melancolia passa logo (ou se não, vamos sublimá-la, quiçá, em arte).
O texto não é nada bobo. Nem você.
Beijo.

Anônimo disse...

Acho que é isso, mesmo, lucasboy!
"Sou um fingidor
Que finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente"
Vai saber se já mentimos tanto que acreditamos na nossa própria mentira, e na verdade a gente seja meio masoquista... rsss que viagem!
Mas sei lá. Você está bem?
Eu tou só meio de saco cheio agora...
Beijo, querido!